Eu não estava pronto pra isso

Amigo, você estava comigo nos momentos mais difíceis, nas bads, nas dores de cotovelo. Saímos juntos pra muitos lugares, tantos rolês. Foi por conta da sua ajuda que hoje estou namorando, sem a sua ajuda seria muito mais difícil. Mas daí você ficou doente, do nada, perdeu a sua voz, foi parando de sussurrar no meu ouvido as piadas e até as músicas que tanto gostávamos, não dei tanta atenção a esse problema, como me dói admitir isso. Quem dera se fosse só esse o problema, aos poucos, o cansaço te impedia de ter forças para me acompanhar, e essas forças foram se esvaindo, esvaindo, até que acabou… Mas eu nunca vou te abandonar, você vai pro médico, vai ficar melhor, tenho fé. Meu amigo Celular, logo logo, estaremos juntos de novo.
Recentemente, meu celular apresentou um problema, ele não funcionava a saída de fone de ouvido. Apesar de eu usar muito essa função, poderia ficar sem ela momentaneamente. Algumas semanas depois, ele parou de carregar a bateria e isso já não poderia ser ignorado.
Entrei em contato com a Motorola e o encaminhei para a garantia. Na minha cabeça, iria demorar uns 10 dias, mas a vida… ah, a vida é uma caixinha de surpresa. Ele demorou exatamente 20 dias para voltar. E vou contar algumas experiências que tive nesses dias.
Dificultando algo simples
O meu primeiro baque que eu tive foi quando fui fazer um post no Facebook. Durante esses dias eu ainda tinha acesso a internet pelo PC. E em uma tarde de vários nadas para fazer  pensei em montar um post, no qual eu escreveria uma uma mensagem em um pedaço de papel, como um bilhete, fotografaria e publicaria. Achei um canetão, escrevi um rascunho e o oficial, a letra que ficou melhor foi. Só depois de todo esse trabalho, eu lembrei que não tinha como fotografar, ou publicar essa fotografia. Qual foi a solução?  Apenas digitar aquilo que foi escrito, e postar. Nem precisava ter gasto a folha de sulfite. Foi mal Al Gore…
O celular dos outros nunca será o seu celular
O almoço para ser desfrutado, precisa de um certo ritual, todo mundo tem o seu. Eles variam desde sempre comer sentado na mesma cadeira, ou não deixar o caldo do feijão tocar o molho da carne.
O meu ritual consiste em acessar o Youtube enquanto a comida esquenta no microondas para escolher os vídeos do almoço. Abro o aplicativo, e de acordo com as sugestões, ou as atualizações dos canais que eu assino, escolho o que ver. É mais ou menos como se fosse uma geladeira, você abre para apenas depois pensar no que vai querer comer.
A minha amiga de serviço, gentilmente, me emprestava o celular dela nessa hora tão importante do dia. Mas era muito esquisito, pois nada do que aparecia lá era pensado para mim. Eram vídeos de bloguerinhas, coisas fitness, músicas de gosto duvidoso, antes e depois de famosos… A cada deslizada no feed me diminuia a esperança de achar algo que prestasse. Mas daí que retomei o controle da situação, fui na opção pesquisar e comecei a garimpar meus canais queridos e amados. Cheguei a forçar a memória algumas vezes.
Já tinha percebido o quanto o celular de uma pessoa pode ser diferente do de outra. Foi fazendo algo semelhante, peguei o celular da minha namorada para ver vídeos, estranhei, mas daí peguei o meu aparelho e resolvido o problema, mas dessa vez não tinha aparelho para escolher ou trocar.
No fim, depois de tanto ter sofrido não sentirás mais dor
A falta que eu sentia do meu celular me castigou tanto que no fim, não queria mais pensar no tempo que eu fiquei com ele, e sim, em tudo o que eu faria assim que ele voltasse.
Vocês estão realmente ligados
Se eu contar, vocês não vão acreditar. Após quase três semanas vivendo em minha caverna, decidi ceder à curiosidade e fui ver a quantas andava a minha ordem de serviço. O meu celular estava pronto para despacho há três ou 4 dias e que ele estaria em casa em 3 dias, segundo a previsão do sistema. Só serviu pra aguçar a minha vontade. Segui o meu dia aqui no trampo e fui pra casa.
Adivinhem quem estava lá…
Sim, o meu querido e amado celular, numa caixinha de papelão, tadinho. Cantei, pulei, comemorei, finalmente meu parça voltou. Ele estava curado, com energia e cantando a liberdade pelos seus fones de ouvido. Foram dias difíceis, mas superados. Aprendi uma lição, e fiz uma promessa pique Forrest Gump, que desde que conseguiu correr, começou a fazer tudo correndo, tudo que eu quisesse eu faria com meu Smartphone, inclusive encerrando esse texto…

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